"A julgar pelas más línguas, “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” tem um histórico de traumas quase tão comprido quanto seu título. As filmagens terminaram dois anos atrás, e os produtores (entre eles o Brad Pitt) e o diretor Andrew Dominik ficaram brigando na sala de montagem. O diretor queria uma versão bem devagar, cheia de paisagens, enquanto os produtores exigiam algo mais à la Clint Eastwood, um faoreste de ação. Não sei quem ganhou, mas o filme é longo que dói, com quase três horas. Tem seu ritmo próprio, o que quer dizer que é lento, até arrastado às vezes, e não é pra todo mundo. Eu gostei muito e, pra ser franca, gostei até mais depois de sair da sessão. É o tipo de filme que melhora quanto mais se pensa nele.
Mas não vá esperando um western agitado. Se esse for seu desejo, vá ver “Os Indomáveis”. “Jesse James” é mais um estudo de personalidades. Conta os últimos dias da vida do célebre fora-da-lei, até ser morto por um fã e membro do seu bando, que acaba ganhando fama só por matá-lo.
Como Jesse, Brad está carismático como um total psicopata que não confia em ninguém. Mas o filme pertence mesmo ao Casey Affleck, quem faz o Robert Ford, um cara que deseja se enturmar, destinado à grandeza, segundo sua própria definição – só a dele.
O filme não endeusa o Jesse. É ele o verdadeiro covarde: bate em meninos, atira pelas costas, assusta até seus companheiros... E vive de sua lenda. O covardão é um traidor, claro, medroso, mentiroso, cheio de si. Mas o faroeste faz parecer que matar Jesse é quase uma legítima defesa.
Porém é após o fim do filme que nossos neurônios – um pouco entorpecidos, confesso – passam a funcionar, e as dúvidas levantadas engrandecem “Jesse”. Por exemplo, por que o criminoso permite que um carinha bizarro como o Robert integre o bando? Tá certo que, na época, não havia muita gente disputando a vaga (o irmão tinha se aposentado, e os outros membros estavam enterrados). Mas o Jesse, como sujeito inteligente, sabia que Robert era perigoso. Logo, ou ele o “adotou” porque queria ser idolatrado, ou justamente pelo perigo representado."
Lola (quem escreveu a crítica que você encontra completa aqui) deu mais atenção para o mais interessante no filme, que é todo o relacionamento entre Jesse e Robert. O legal mesmo do filme, é ver Robert demonstrar todo a admiração por Jesse, e esperar a reação deste para com o garoto, e ainda por cima, assistir a como e porque Robert mata Jesse no fim das contas. Fora que ver o show que Casey Affleck dá dando vida a esse personagem compensa passar as longas quase três horas na frente da tela. Sem contar com Jeremy Renner, Sam Rockwell e alguns minutos de Zooey Deschanel, também mostrando suas habilidades como ótimos atores.
Fica a minha dica para um longo e pacato filme de faroeste, pra quem tem paciência e tem fome de boas atuações.